Filha de Simon Rosenbau e Albertina Rosenbaum.
Nascida em 23 de maio (ano desconhecido) no Rio de Janeiro.
Falecida em 2004.
Primeira Ortopedista do Brasil e do estado do Rio de Janeiro
Dra Stella foi Professora Titular em Ortopedia na UFRJ. Ortopedista de Pé e Tornozelo e Fixador Externo, foi autora de diversos artigos e livros, assim como orientadora de inúmeros alunos, mestrandos e doutorandos.
Sabemos que Dra. Stella era uma pessoa extremamente humilde e reservada. Quando seu grupo ganhava prêmios em congressos ela costumava não subir para receber, envia seus residentes junto com Dr. Irocy Knackfuss, seu seguidor e grande amigo.
"Seus pacientes a beijavam no rosto, comiam em sua casa. Não gostava de nada que tivesse pompa, exaltação das aquisições de conhecimentos. Ela, como Irocy, achavam que isso eram obrigação deles para darem o melhor pelos doentes. Ela ensinou paciente a ler e a escrever, preparou paciente para fazer concurso e ser auxiliar de enfermagem no Hospital Universitário. Ela vestia e calçava paciente. Mas não dizia que o fazia e nem que ela tinha título disso ou daquilo. Ela ficava brava.
Em cirurgia o relógio parava, ela não tinha pressa, a perfeição era exigida. Ela queria um pé bem operado, sem edema no dia seguinte, o paciente sem dor e seu problema resolvido rapidamente. Aí ela dizia que havia sido feito um bom trabalho."
Maria Cristina Knackfuss, viúva do Prof. Irocy Knackfuss e afilhada de Dra. Stella
"Meu primeiro contato com a Profa Stella no HUCFF foi inesquecível. Comecei a frequentar o famoso ambulatório de 2ª à tarde, na sala 207 quando me deparei com uma senhora discorrendo para os residentes sobre dois casos, um paciente com Sd. de Proteus (macrodactilia) e outra paciente com síndrome oto-palato-digital, trazidas do seu ambulatório de genética em ortopedia no IPPMG. Em cerca de 30 minutos, ela discorreu abundantemente sobre os casos, mostrando uma eloquência, elegância e conhecimento respeitável. O ambulatório era o do Prof. Irocy Knackfuss, mas na presença dela, o mestre passava o bastão. Na primeira oportunidade perguntei ao R3: “Quem é essa senhora?” Os minutos se seguiram de um currículo inimaginável para uma mulher àquela época.
Num meio dominado pelo sexo masculino, Profa Stella desbravou, venceu todo preconceito para uma mulher que escolheu e seguiu sua vocação de ser médica. Só isso já era um desafio. Residência em Ortopedia, estágio e especialização em cirurgia do pé no Instituto Rizzoli, componente da 2a turma de médicos brasileiros que foram aprender técnica de reconstrução e alongamento ósseo na União Soviética.
"Eloquência, elegância e conhecimento respeitável"
O currículo é interminável, mas a Profa Stella Rosenbaum ainda se tornaria Profa titular de uma das maiores Universidades do País, orientadora de centenas de mestrandos e doutorandos, vice-presidente da ASAMI Brasil (Sociedade de Alongamento Ósseo) em 1993, Chefe de Departamento. Ao lado do fiel escudeiro, Prof Irocy, fizeram do Fundão uma referência nacional.
Tenho algumas lembranças muito vivas da Profa Stella. No Centro cirúrgico, a touca diferenciada, cobria toda cabeça, até o pescoço. A mascara marcada pelo batom vermelho, e sua maquina fotográfica (com flash circular, claro!) aguda, registrando todas as possíveis linhas de pesquisa e casos que pudesse. O respeito do Prof. Irocy era tamanho que na véspera sempre nos ligava: “Meu filho, checa tudo!!! Amanhã a Stellinha estará conosco.” Nas cirurgias a completa indiferença ao tempo, a dissecção primorosa, respeitando a biologia dos tecidos, os vasos sanguíneos, a atenção à cirurgia era completa.
"Preceitos éticos, pelo carinho ao paciente, pelo respeito ao sistema publico de saúde, pelo amor à ciência e à universidade pública."
O silencio no ato cirúrgico terminava quando os 2 chefes nos brindavam com a eleição de qual residente pagaria a coca-cola. O momento após era de descontração, na cantina, relembrávamos e discutíamos as cirurgias, e assim terminavam nossas 6as. Quando apresentei meu trabalho de mestrado no Congresso de Pé, a Profa Stella me chamou num canto e me falou: “Querido, uma mosca me falou que você ganhará Prêmio Manlio Napoli de melhor tema livre!” Minha alegria foi contida pela continuação da narrativa: “Você não vai receber um prêmio destes com esta roupa né? Pelo amor de Deus, vai agora num shopping e compra um terno! Dá tempo! Faz isso por mim! Faz isso pelo Fundão!” Nem preciso dizer que obedeci imediatamente! Essa era a Profa Stella! Vanguarda, personalidade, espírito científico. Para um jovem ortopedista criado pela mãe, só posso dizer que me sinto orgulhoso e feliz de ter tido um pouco de contato com a Profa. Sua passagem pela minha vida foi curta, mas marca por tudo, mas principalmente pelos preceitos éticos, pelo carinho ao paciente, pelo respeito ao sistema publico de saúde, pelo amor à ciência e à universidade pública. Saudades! Obrigado"
Prof. Rodrigo Pacheco Mota, ortopedista e prof. Titular UFF
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